“ Novos paradigmas – Julgamento pela observação”

“ Novos paradigmas – Julgamento pela observação”
Desenho: Aimée Resende

sábado, 3 de abril de 2010



De Origem Indígena, a palavra Gamboa significa o local, no leito dos rios, onde se remansam as águas, dando a impressão de um lago sereno. Essa descrição justifica com maestria a denominação destinada ao Bairro da Gamboa, em Salvador. Localizado à beira-mar, o ferece uma visão privilegiada da borda sudoente da Baía de Todos os Santos. A paisagem mostra a imensidão de um mar tranquilo, os barcos poe ele a navegar e os contrastes da divisão entre o Luxo e a pobrza, sepadaros pela sinuosa Avenida do Contorno.



( Solar do Unhão)
A encosta Resultante de uma falha geológica, que separa a cidade Alta da Cidade Baixa, também é limite para designar o perfil dos moradores da Gamboa. Na chamada Gamboa de Cima, ocupada pela classe média, as mansões mostram ser aquela uma das áreas nobres da cidade. Não só pela lozalização, com as janelas apontando para um para uma área de extrema beleza natural , mas também pela infra-estrutura de que dispõe em seus limites. É que o bairro está situado entre o antigo Palácio Arquiepiscopal e o Solar do Unhão, próximo ao comércio, Campo grande, Vitória e Aflitos, quase que fazendo parte do centro da cidade.



( Gamboa de Cima - Foto antiga)



Do outro lado, está Gamboa de Baixo. Uma comunidade essencialmente formada por pescadoresm que reúne 145 famílias. São pessoas simples. Homens que levantam junto com o sol para buscar na baía a fonte de sobrevivencia. Mulheres que cuidam da casa, tratam o peixe na varanda e estendem as roupas para secar nos varais ao balançar da brisa. Crianças que têm liberdade epara subir e descer escadas e se divertir em meios aos mirantes de pura contemplação.



( Gamboa de baixo Antiga)

Em Gamboa de Baixo, o mar está mais próximo, assim como os resquícios da história. Uma das marcas do passado de colonização são as ruínas do Forte de Gamboa. Construído em 1810, o forte tinha ao redor uma aglomeração de casas coloniais. Ao longo do porto de Gamboa, sete ainda resistem ao tempo. Mas assim como o forte, estão em total estado de degradação. Algumas delas são ocupadas por moradores. Uma é a Sede da Igreja Unievrsal do Reino de Deus. Outras estão fechadas, ameaçadas de desmoronamentos.
A história do bairro vem sendo acompanhada de perto por Antigos moradores. O perscador Manoel Bomfim Filho, 62 anos, é uma dessas estemunhas oculares. " Aqui nasci e me criei". Valdete Sapucaia, 73 anos, quemora desde os 10 anos, confirma. "Aqui só cresceu depois que fizeram na década de 60 a Avenida do Contorno.

( Fotos das ruínas)

De lá pra cá, os moradores esperam o "progresso" acontecer. A área de cima foi sendo urbanizada enquanto que a parte de baix, pertencente à União, cresceu agregando um número cada vez maior de famílias que hoje lutam pela permanência no local, como certifica Manoel: "Já pensou morar a vida toda no lugar para depois sair? Gosto de tudo aqui na comunidade, não quero sair".Para melhorar é só deixar a gente no nosso canto." Os moradores também lutam pela despoluição do Porto de Gamboa, onde os esgotos de bairros da Cidade Alta são despejados sem nenhum tratamento. O local serve também, apesar do trabalho de conscientização que é feito, de depósito de lixo, despejado na prórpia população.

( Comunidade da Gamboa de baixo)


Nessa área, um potencial ponto de atração turística, o esgoto, que contribui para a proliferação de baratas, contrasta com a água límpida e cristalina que escorre de uma bica natural, na rocha. A água é usada pela comunidade.
E é desfrutando desses recursos ambientais, que os moradores de Gamboa querem viver. Pos, como tamb[em definiu o pescador Manoel: " quem vê essa Baía de Todos os Santos todos os dias não envelhece. A gente fica coroa, mas não fica velho". Adriano, que tem 24 anos e também é nascido na Gamboa, resume a condição de morarna localidade: " Viver aqui é um privilégio".





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( Iluminação à noite da Gamboa, paisagem e foto preto e branco noite)



Analisando as distintas Gamboa de Cima e Gamboa de Baixo, vemos um grande contraste. Na de “Cima” ocupada pela classe média e contendo fabulosas mansões. Já na Gamboa de baixo, vemos uma comunidade de pessoas simples, onde tiram sua sobrevivência do pescado, que lutam pelo progresso da sua comunidade e sendo ameaçados em benefício do projeto Via Náutica que prevê a instalação de um píer de atracação na localidade, assim destruindo os sonhos de todos aqueles que vivem ali.
(Samya)


Em 1962, a construção da Avenida Lafayete Coutinho, a Contorno, traçou em tons mais definidos as fronteiras entre Gamboa de Baixo e de Gamboa de Cima. Sobre a avenida, por assim dizer, gente do Centro da Cidade Alta, sob ela, os ribeirinhos da Baía de Todos os Santos. Às Gamboas, os aspectos geográficos põem limites, mas também criam laços.

Não há dúvidas: de cima ou de baixo, na Gamboa a curtição é sempre apreciar da própria janela a imensidão do mar da Baía e gozar do clima de tranqüilidade, sensível pela brisa que alisa os cabelos de moradores ali chegados há muitos anos, testemunhas oculares das mudanças vindas com o passar do tempo. Sem dúvidas, também, que, sob a mesma rubrica, as histórias pedem acentos diversos, basta subir ou descer pelas ruas, becos e vielas do lugar. As duas localidades, embora, a rigor, não sejam bairros (fazem parte, oficialmente, do bairro 2 de Julho) têm identidade urbana auto-referente.
(Jaqueline)




: GAMBOA MOSTRA BELEZA E CONTRASTE SOCIAL
A TARDE, 01.12.2001, p.4, Cláudia Oliveira




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